Ficou grande demais o título desta postagem, eu sei, mas não
tinha como abreviar, porque é isso mesmo, os piores conselhos que a minha mãe
já me deu. Não são tão escabrosos assim, mas digamos que algumas vezes não
seriam os mais adequados para o momento ou eram práticos demais, bem do jeito
da minha mãe. Não foram conselhos de fazer nada ilegal ou nem antiético, mas
talvez não fossem os mais adequados para o momento ou o que alguma mãe mais normalzinha
diria.
Vamos lá:
- Se apanhar, bate de volta!
Esse conselho é horrível, mas usado aqui em casa desde que eu
comecei a freqüentar a escola.
Não é a maneira mais adequada de resolver os problemas e
conflitos na escola, e que se a coordenadora da escola ouvisse minha mãe
dizendo isso ela também levaria um “puxão” de orelha, e com razão.
É um conselho para, tipo não apanhe quieta e não seja boba. Minha
mãe não estimula a bater primeiro para resolver um conflito, mas se já ta
apanhando, revida. “Só chorar não resolve”, como diz ela.
- Não chora por ele, quando estiver com vinte anos nem vai
mais lembra quem era ele.
Esse conselho não é nada romântico, nem talvez seja o que
você espera ouvir quando um garoto te decepciona, mas tenho que assumir que é extremamente
verdadeiro. Mas, infelizmente, nunca adiantou.
Sempre acabava chorando mais, pois não conseguia colocar o conselho em
prática.
“Primeiro, se o garoto esta te fazendo chorar, ele não
merece nem uma lágrima sua. É melhor esquecê-lo. E tocar pra frente, outro
melhor sempre vai aparecer, e fazer você nem se lembrar deste. "
-Se ela pegar na tua bunda ou nos teus peitos, bate nela e
corre para a coordenação.
Bom, ano passado eu tinha uma colega, que mesmo com doze
anos se intitulava lésbica. E antes de tudo, só para esclarecer, não tenho
nada, absolutamente nada contra a homossexualidade, só que o problema era que a
guria estava com obsessão de ficar apertando a bunda e os peitos das outras
gurias da nossa turma, tipo pegando mesmo, enchendo a mão como dizem, era no
recreio, na educação física, no corredor, e isso incomodava algumas meninas,
inclusive eu. Eu acabei contando para a
minha mãe e ela me deu o conselho acima, “Se ela pegar na tua bunda ou no teu
seio, dá um tapa, ou empurra, ou grita e
corre para a coordenação. Ah, o conselho é válido também para os meninos
abusadinhos, e baseado na premissa que ninguém pode encostar no meu corpo sem o
meu consentimento ou me causar constrangimento”
- Mente pro professor que é número dois. E se precisar faz
cara de dor de barriga.
Esse conselho é horrível, mentir sempre é feio, mas
extremamente útil para evitar roupas manchadas de menstruação (rsrs)
Alguns professores na
minha escola são super-rígidos e não deixam ir ao banheiro durante as aulas,
apenas no segundo período ou olhe lá. E nós
que somos mulheres sabemos o quando é complicado evitar ir ao banheiro trocar o
absorvente principalmente nos primeiros dias.
Acontece que esse conselho partiu da minha vergonha em dizer
diante da negativa do professor em ir ao banheiro que minha necessidade era
porque estava menstruada ou discretamente mostrar a pequena necessaire dos
absorventes.
E pra vocês verem o tamanho da minha vergonha, algumas vezes
eu voltava pra casa com as calças daquele jeito, então a solução que a minha
mãe aconselhou foi dizer pro professor que é número dois, e fazer cara de dor
de barriga. Funcionava algumas vezes,
mas os professores começaram a desconfiar e acabavam não deixando. Acho que não
sou uma boa atriz (hehe)
- Fotografa que é prova. Salva que é prova.
Esse conselho é porque eu cai da escada do colégio e acabei
torcendo o meu pé, e daí acabei precisando usar a cadeira de rodas da escola. Mas a cadeira de rodas estava com o pneu
furado e toda torta, horrível. Então, usei esse conselho da minha mãe,fiz
praticamente um book de fotos da cadeira de rodas, em todos os ângulos. As
fotos não precisaram ser usadas, pois meus pais resolveram com a escola
amigavelmente, que frente a uma reclamação providenciou a reposição no mesmo
dia, porém nunca sabemos quando uma foto ou email pode se livrar de uma grande
dor de cabeças. Quem não tem provas, não prova.
O conselho é horrível porque ensina a viver a desconfiança,
a desconfiar antes de confiar, ensina a ter o pé atrás, cria uma atmosfera de
possibilidades. Mas é a realidade do mundo atual e um conselho muito útil e que
pode garantir uma boa economia.
- Manda essa tua amiga ler noticias do Ebola.
O conselho é horrível porque fere um pouco o conceito de
amizade, mas muitas vezes fazem as pessoas andarem pra frente em vez de
reclamar.
Foi algo do tipo, “Mãe,
a fulana não para de reclamar da vida, esta dizendo que a vida dela é uma merda
e que esta depressiva.”
Não me refiro aqui a quando um amigo realmente esta com um problema
e faz queixas reais, mas me refiro sim àquelas queixas superficiais que exalam
excessiva pena de si mesmo. A vida dela era muito boa, qualquer um podia ver,
ela tinha tudo o que desejava e a
família dela dava todo o carinho e apoio que ela precisasse. Só que mesmo assim ela reclamava todo santo
dia, ficava de mi mi mi (chamo de mi mi mi aquelas crises de auto piedade do tipo minha vida é horrível, eu sou
feia/gorda/meu cabelo é horrível, ninguém me ama, não faço nada certo), muitas
vezes reclamava de barriga cheia, não tinha problemas reais, tinha casa,
comida, saúde, família, era bonita, e se olhar não tava faltando nada, além de
uma participação mais positiva dela na sua própria vida.
E a resposta da minha
mãe foi, “Manda para ela fotos da Etiopia, noticias do Ebola ou da Faixa de
Gaza ou qualquer outra coisa impactante e mostra o que é problema mesmo”.
Obviamente, que eu não mandei as fotos, mas fez-me abrir os
olhos e ver que ela estava reclamando a toa. E acabei mandando uma mensagem
enorme para ela sobre o que eu achava disso tudo, não havia nada ofensivo, só
falava que não era legal ela ficar reclamando da vida dela, pois existem
pessoas que estão no hospital, não tem família ou coisa do tipo e era ignorância
dela reclamar da vida que tinha.
Bom, a guria acabou interpretando de uma maneira bem
diferente o que eu quis dizer e no outro dia nem olhou na minha cara. Talvez
seja o papel de uma amiga ficar ouvir os mi mi mi da outra, porque todos têm
crises de mi mi mi, mas aquilo era todos os dias e a gente foi amigas por
bastante tempo, e tanto a minha mãe quanto eu, não temos muita paciência para isso, gente que reclama de barriga bem cheia.